Pela presente missiva, os signatários (Presidentes da Mesa da Assembleia-Geral da AXVR, Associação de Xadrez de Vila Real, Presidente da Direcção da AXVR, e Presidente do Conselho Fiscal da AXVR) vêm expor a necessidade de que a Federação Portuguesa de Xadrez contemple a possibilidade de organização do Campeonato Nacional de Xadrez de Equipas Jovens (nas quais todos os jogadores participantes são sub-16).
Observando o tradicional quadro de competições organizadas pela FPX, constata-se que existem as seguintes competições individuais:
-Campeonatos Nacionais de Jovens em partidas semi-rápidas,
-Campeonatos Nacionais de Jovens e de Veteranos,
-Campeonato Nacional Absoluto,
-Campeonato Nacional Feminino,
-Torneios de Mestres e de Honra,
-Campeonato Nacional individual em partidas semi-rápidas,
-Campeonato Nacional individual.
Existem ainda as seguintes competições por equipas:
- SuperTaça,
- Taça de Portugal,
- Campeonatos Nacionais de Equipas,
- Campeonato Nacional por equipas em partidas semi-rápidas,
- Campeonato Nacional por equipas em partidas rápidas.
Neste conjunto de competições por equipas, e quando pretendemos comparar o conjunto disponível em Portugal com o conjunto disponível em diversos países, é notória a ausência de um Campeonato Nacional de Equipas de Jovens.
Assim, os signatários vêm por este meio solicitar a organização de um Campeonato Nacional de Equipas de Jovens em Portugal já para a época de 2011/2012.
As vantagens deste tipo de organização são várias:
i) desde logo, um Campeonato Nacional de Equipas de Jovens permitiria incrementar a competitividade quer de um Campeonato restrito a praticantes sub-16 quer a competitividade das 3 divisões do Campeonato Nacional tradicional. Como é óbvio, várias equipas que actualmente militam na 3ª divisão nacional, compostas quase exclusivamente por jovens sub-16, teriam estímulos de maior paridade competitiva se pudessem militar numa competição mais ajustada ao seu perfil de Elo, de faixa etária comum, e de incentivos prioritários de formação. Simultaneamente, o tradicional Campeonato assente em 3 divisões ficaria concentrado em equipas de praticantes com uma faixa etária superior a 16 anos, elevando a competitividade interna das várias séries e diminuindo as disparidades de desempenhos que têm sido notórias nos últimos anos.
ii) a solução actual dos "campeonatos distritais" não parece ser suficiente para acolher de um modo eficiente as equipas maioritariamente sub-16.
iii) a concentração do Campeonato Nacional de Equipas de Jovens num formato concentrado num período delimitado (por exemplo, férias escolares do Carnaval ou da Páscoa), reduziria os custos inerentes associados às deslocações das equipas participantes, aumentaria o contacto dos jovens xadrezistas portugueses entre si, estimularia a participação do mecenato familiar e auxiliaria na formação competitiva dos jovens. Aliás, crê-se que traria maior transparência ao próprio processo de formação, composição e financiamento das equipas e do próprio xadrez em Portugal.
iv) acresce que o actual formato se assemelha a um formato estranho quando encarado perante outras modalidades colectivas (como o futebol, o basquetebol, ou o andebol, entre outras) que não misturam competições onde participam séniores e júniores; ao invés, existem campeonatos diferenciados para séniores e para juniores nestas modalidade.
v) Naturalmente, uma das riquezas do Xadrez é colocar em ambos os lados de um tabuleiro um jovem e um adulto, um praticante e uma praticante, um cidadão com um elevado grau de incapacidade e outro com um grau nulo de incapacidade, um Grande-Mestre e um apaixonado amador. Essa continua a ser uma atracção das provas em sistema aberto (os 'Opens'). Quando pretendemos objectivar os Campeonatos, pretendemos desenvolver provas competitivas, que premeiem as equipas e os participantes mais competentes com a subida de divisão, com a ascenção de Elo e com títulos nacionais e internacionais; quando se desenvolvem campeonatos, não se pretende uma deterioração da qualidade competitiva, o desnivelamento crescente dos participantes ou a desmotivação dos associados.
vi) no entanto, olhem-se os resultados das últimas edições do Campeonato Nacional e verifique-se que existe uma frequência muito mais alta de resultados de 4-0 ou 3-1 nas divisões mais inferiores quando comparamos com a I divisão. A razão é simples – em Portugal, as divisões mais baixas do Campeonato Nacional são compostas por equipas sedeadas em colectividades com objectivos muito diferenciados entre si, desde a colectividade de cariz familiar até à colectividade mais ambiciosa, desde a colectividade assente em jovens apaixonados até colectividades com disponibilidade para financiarem a participação de jogadores com Elo médio acima dos 2000 pontos. Depois, admiramo-nos que não exista uma continuidade longa das equipas em Portugal, que os melhores xadrezistas têm de emigrar sazonalmente ou permanentemente, que os nossos jovens encaram o xadrez como uma modalidade essencialmente pré-universitária e que a profissionalização em Portugal da modalidade é uma fantasia.
vii) Nos vários estudos consultados, confirma-se que quando aumentamos a competitividade das modalidades, aumentamos o número e a qualidade dos participantes, aumentamos a possibilidade de maiores patrocínios para a modalidade e para cada equipa, aumentamos a visibilidade do desporto e aumentamos a adesão de adeptos e aficionados. Esta petição, em formato de “carta aberta”, pretende alertar os Órgãos Sociais da Federação Portuguesa de Xadrez para a necessidade da criação de um Campeonato Nacional de Equipas diferenciado para os nossos jovens. Ficaremos todos a ganhar. O Xadrez ganhará.
Os signatários,
Paulo Reis Mourão (Presidente da Mesa da AG da AXVR)
António Paulo Pedroso (Presidente da Direcção da AXVR)
José Carlos Conceição (Presidente do Conselho Fiscal da AXVR)